Mapas, Design e Complexidade

No post anterior falei a respeito do uso de mapas no processo de aprendizagem, apresentando o mapeamento que fiz ao analisar o Design Instrucional (DI) sob a Perspectiva da Complexidade (MORIN, 1999).

Situando teoricamente o mapa anterior o Princípio Dialógico quando aplicado ao DI procura interpor, inicialmente, a ordem à desordem (e por que não dizer também, a desordem à ordem) permitindo-nos manter a dualidade no seio da unidade, ou seja, “associa dois termos ao mesmo tempo complementares e antagônicos” (MORIN, 1999, p. 106). A palavra ‘dialógica’ significa que há contradições que não se resolvem e que nelas a tensão do antagonismo é persistente. Portanto, é por meio do princípio dialógico que as ‘diferenças’ e os ‘diferentes’ em um ambiente virtual de aprendizagem, antes de serem unidimensionalizados (vide uniformizados), são reconhecidos em sua diversidade e originalidade. Consequentemente o DI deixa de conceber o ensino e a aprendizagem de forma reduzida e apartada, passando a romper com a lógica que faz repousar o ensino, exclusivamente sobre o professor, enquanto que os conteúdos de ensino e a aprendizagem ficam vinculados à metáfora do ‘aluno autônomo’. Na elaboração do DI complexo, o processo ensino-aprendizagem é um complementar, formado pelas unidades ‘ensino’ e ‘aprendizagem’, sem a soberania de uma sobre a outra e, também, sem o movimento de síntese dialética, pois como diria Morin, nos lugares e momentos em que não é possível superar as contradições, vencer os antagonismos e ultrapassar os paradoxos, lá é que está a complexidade (MARRIOTTI, 2007, apud CAMPOS, 2013, p.39).

Nesta seqüência passo agora a apresentar os mapas referentes aos Princípios Recursivo e Hologramático aplicados ao Design Instrucional.

2º Princípio da Complexidade – Recursividade 

O mapa a seguir apresenta a leitura do DI sob a perspectiva da recursividade. Para uma melhor visualização clique sobre a imagem.

2º Principio da Complexidade - Recursivo

A recursividade aplicada ao design reforça a dialogia, fazendo abandonar a abordagem linear em todo o seu processo de elaboração, o que nos remonta à multilinearidade, característica da cibercultura. Daí emerge um processo de DI circular e espiral, “onde a unidade da ciência só terá sentido se for capaz de apreender, simultaneamente, unidade e diversidade, continuidade e rupturas” (MORIN, 1999, p. 74).

Desta maneira, o DI passa a estar sujeito às mudanças e variações em seu processo de elaboração clássico, fundamentado em suas fases de análise, projeto, desenvolvimento, implementação e avaliação, passando a incorporar, de forma dinâmica, os seus agentes; professor, aluno, conteúdos de ensino e ambiente online (CAMPOS, 2013, p.43)

3º Princípio da Complexidade – Hologramático

Por meio da perspectiva hologramática resgata-se a interdisciplinariedade das Ciências que compõem o campo do DI; Ciências da Informação, Ciências Humanas e Ciências da Administração. Este princípio nos faz, ainda, retomar o conceito de ambiente sociotécnico, o que nos leva a compreender o ambiente virtual de aprendizagem como um espaço relacional em que as partes; sujeitos, conteúdos de ensino, tecnologias e o ciberespaço, se encontram separadas mas não desligadas.

O mapa a seguir ilustra o DI sob a perspectiva do Princípio Hologramático. Para uma melhor visualização clique sobre a imagem.

Princípio Hologramatico

 

REFERÊNCIAS:

CAMPOS, A.F. A (re) invenção do design instrucional na perspectiva da complexidade. 2013. 163 f. Dissertação (Mestrado em Educação) -Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro. 2013.

MORIN, E. O Método II. A Vida da Vida. Lisboa, Europa-América, 1999.

Leitura e mapeamento: uma parceria interessante

Três gerações de pedagogia da EaD Dron Anderson 20112012No encontro da semana passada da disciplina Construção do Conhecimento na Educação a Distância discutimos o texto “Três gerações de pedagogia da Educação a Distância“, de Terry Anderson e Jon Dron, publicado em uma tradução de João Mattar na revista EAD em FocoO texto original, em inglês, foi publicado na International Review of Research in Open and Distance Learning, IRRODL. Compartilho aqui um mapa da tradução.

Clique aqui para baixar o mapa em pdf e aqui para baixá-lo em png.

Em geral, o que me interessa em relação a mapas é mais o processo de criação do que o objeto que dele resulta, mas, nesse caso, usei o mapa para disparar uma breve discussão sobre o processo de leitura. Comentei como utilizo o processo de mapeamento para me ajudar a visualizar a estrutura de um texto (minha primeira leitura é sempre uma vertical relativamente superficial e panorâmica). O mapa que fiz para o encontro teria sido o tipo de representação resultante de uma segunda leitura, por meio da qual já incluiria, além da estrutura dada pelos próprios títulos, ideias, trechos e pontos que destacaria como essenciais ao argumento. Poderia, então, trabalhar sobre o primeiro mapa para adicionar questões problematizadoras, ideias pertinentes trazidas de outras leituras, enfim, trabalharia para além do texto em questão de forma mais explícita, de modo a registrar articulações com outros textos.

Um detalhe que discuti em sala foi a tradução do termo affordance. A palavra é bastante comum na literatura nas áreas de Design e Tecnologia Educacional em inglês, e a tradução usou “características”, mas não penso que seja isso, exatamente, então acho que vale a pena registrar algumas considerações a respeito.

A noção de affordance foi proposta por J. J. Gibson em seu livro The Ecological Approach to Visual Perception (Nova Jérsei: Lawrence Earlbaum Associates, Inc., 1986). O livro aborda questões relativas à percepção visual de uma perspectiva alternativa à visão behaviorista corrente na época, e alguns dos conceitos nele lançados foram adotados fora da Psicologia (de fato, meu primeiro contato com esse livro foi durante meu doutorado, por meio desta tese). No contexto da Tecnologia Educacional, penso que sugere a ideia de “possibilidades de ação” de um organismo com relação a um objeto no ambiente no qual ambos se situam, ou seja, sugere uma visão não-determinista, sistêmica das relações entre entre humanos, artefatos tecnológicos e contexto.

Achei importante trazer essas observações para o debate em sala de aula, pois um dos aspectos interessantes do texto de Anderson e Dron é que o argumento central pode ser visto como uma alternativa (tentativa, que seja) ao determinismo tecnológico que permeia a ideia de “gerações de EaD” equivalentes a categorias de tecnologias (impresso, mídias de massa, etc.) e, infelizmente, muita da literatura na área.

Sobre buscas e classificação de materiais de pesquisa

431872537_9d3407d57f_bOntem tivemos na linha TICPE uma sessão de Prática de Pesquisa coletiva na qual tratamos questões relativas a buscas e classificação de materiais de pesquisa. Como sempre fazemos, a organização dessas sessões fica a cargo de um dos professores, e essa foi a vez do Prof. Alexandre Rosado.

Com base em algumas perguntas disparadoras, discutimos uma variedade de questões relativas a fontes de pesquisa, lançando mão de alguns recursos retirados da tese de doutorado do Alexandre, Quando os doutorandos visitam o ciberespaço: o uso de suportes digitais na produção acadêmica em um período de transição.

Os materiais que estamos compartilhando incluem alguns comentários introdutórios, as questões, e uma tipologia de aspectos relativos a buscas dentro das seguintes categorias:

  • Local de busca
  • Busca no tempo
  • Abrangência da busca
  • Tipos de fontes
  • Confiabilidade da fonte

A última parte, “Prestígio do autor”, refere-se à polêmica sobre as redes de relação e prestígio desenvolvidas na academia.

Um próximo passo seria complementar esse material com links (muitos sites são citados) e, talvez, novos sites/subcategorias – se tivermos voluntários, poderíamos usar uma wiki para autoria colaborativa 🙂

Duas indicações que fizemos durante a aula: os sites Academia.edu e ResearchGate, muito úteis na localização de fontes interessantes (além de possibilitar contatos com os autores). Aproveitando, deixo links para perfis meu e do Alexandre no Academia.edu, pois lá temos depositado produções nossas e de orientandos, mas lembro também que as dissertações e teses produzidas no PPGE estão disponíveis por meio do site do Programa.

Clique nos links a seguir para baixar os recursos em formato .doc e formato pdf.

Clique aqui para baixar a tese do Prof. Alexandre.

CRÉDITO DA IMAGEM: ripercussion, de Emanuele Marianecci, disponível em https://flic.kr/p/EasEe sob uma licença CC BY 2.0.