Refletindo sobre as TIC na Educação e a Tecnologia Educacional

EdTech_tagcloud

(Tagcloud mostrando alguns rótulos da Tecnologia Educacional – feito “à mão” no Wordle)

Estou mininstrando neste semestre uma disciplina que objetiva ampliar concepções, sugerir questionamentos e despertar a criatividade com relação às práticas com as  TIC na Educação, partindo de ideias da Tecnologia Educacional como área do conhecimento interdisciplinar  – neste post, estou compartilhando alguns detalhes sobre isso.

Talvez um primeiro ponto a ressaltar seja que a minha tendência é pensar a “Tecnologia Educacional” em termos de construções discursivas, ou seja, não como algo necessariamente restrito a artefatos ou mesmo ao design (termo que estou para incluir em minha lista de pet hates / weasel words) e desenvolvimento de sistemas, da mesma forma em que a presença das TIC na Educação não se restringe aos modelos e formas de Educação a Distância encontradas no país. Visões reducionistas e fortemente tecnicistas (ainda que de forma tácita) me parecem ser, ainda, a norma, com estudos críticos (veja aqui algumas listas pertinentes, e aqui alguns posts sobre o assunto no Diálogos sobre TIC e Educação) e históricos (veja, por exemplo, o fantástico trabalho de Audrey Watters, que se intitula a “Cassandra da Tecnologia Educacional”, em seu blog) apenas começando a surgir. Ainda assim, a presença da “máquina” na Educação precede (e por muito) a emergência das tecnologias digitais – veja alguns exemplos no volume The Monsters of Educational Technology, de Watters (acesso livre). Esse assunto é longo, complexo e “espinhoso”, um “trabalho em construção”, que exige, fundamentalmente, uma investigação acerca de concepções de “tecnologia”, então paro por aqui para focalizar na disciplina, oferecendo algumas informações sobre o contexto de criação dos recursos que vou compartilhar.

Ministrei essa disciplina no semestre passado pela primeira vez, como Tópicos Especiais, e, aos poucos, estamos, em discussão na TICPE, ajustando a ementa e, principalmente, a bibliografia. Um problema com isso é que tenho vasculhado as bases de dados acadêmicas (CAPES e Scielo, dentre outras), o próprio Google Acadêmico, mas encontrado pouca literatura no nosso idioma que seja fundamentada em empiria de forma mais abrangente do que os muitos relatos de experiência disponíveis (ou fundamentada em vertentes teóricas críticas – a exceção, até o momento, é o interessante trabalho do grupo de Raquel Goulart Barreto, que, fortemente fundamentado na Linguística, propõe aos alunos outros desafios). Assim, tenho trabalhado em um esquema de seminários que partem de apresentações dos alunos sobre seus entendimentos dos textos selecionados, sugerindo, quando oportuno, outras indicações, e trazendo para a sala de aula outras concepções e ideias, bem como achados de pesquisas minhas, para “costurar” as discussões.

O propósito fundamental da disciplina é o seguinte: demonstrar como o aprofundamento teórico, por um lado, e a fundamentação na empiria, por outro, podem abrir novos horizontes não somente conceituais, mas, também, de práticas, sempre encorajando um maior “estranhamento” com relação ao maniqueísmo representado na polarização entre discursos tecnófilos e tecnófobos (para continuar o trabalho feito em nossas duas disciplinas obrigatórias).

Após a aula inicial (quando são feitas as apresentações de praxe), passamos a uma única aula totalmente expositiva, cujos slides de 2015.1 disponibilizei aqui. Essa aula oferece um pano de fundo crítico para o resto da disciplina, que integra explorações conceituais/teóricas e criação/compartilhamento de práticas. A avaliação integra ambos os aspectos – veja aqui os detalhes na descrição da disciplina que distribuí à turma no início do semestre, quando pedi que a turma já começasse a refletir sobre seus usos de TIC em suas práticas (são quase todos docentes com atuação em sala de aula). Há um elemento de avaliação continuada na forma de relatórios quinzenais, que me ajudam, também, a avaliar a própria disciplina.

O arquivo em ppt inclui algumas notas de orientação para mim, mas não vejo forma de visualizá-las on-line, ou seja, sem baixar o arquivo – no todo, são apenas algumas indicações que uso para construir o argumento que apresento em sala, mas aqui estão:

Ressalto que o uso da Taxionomia de Bloom (e uma de suas várias “atualizações”) não tem um propósito “doutrinatório” ou ufanista: a ideia é propor um (primeiro) desafio à forma de pensar o ensino como transmissão de “conteúdos”, porém, em um contexto de discussão de questionamentos decorrentes de uma reflexão sobre correntes da Tecnologia Educacional que defendem visões reducionistas da Educação, incluindo a “clássica” questão da substituição do professor pela máquina.

Neste semestre, não organizei um Grupo de discussão no Facebook, como fiz no semestre passado e tenho feito na maior parte das minhas disciplinas. Algumas das experiências anteriores foram particularmente interessantes (veja aqui uma reflexão sobre uma delas) e, acredito, bastante úteis aos alunos, mas, realmente, a comunicação assíncrona parece duplicar o tempo dedicado a uma única tarefa em minha agenda semanal… Assim, para este semestre, criei, simplesmente, um espaço de compartilhamento com a turma no Google Drive (privado), onde estou depositando slides, textos e anotações produzidos por mim e por todos. Ao final, veremos quem estará disposto a compartilhar o quê, dentre esses materiais.

Um atividade que conduzimos em paralelo às discussões é a criação de uma lista de aplicativos potencialmente úteis à prática docente. Não tenho a pretensão de criar uma tipologia desses aplicativos (há muitas), mas, sim, de proporcionar espaço para trocas de experiências dentro do grupo – com esse propósito, todos os encontros começam com 20 minutos dedicados à rápida apresentação de algum aplicativo, preferencialmente com exemplo de uso, seguida de discussão aberta sobre outras possibilidades.

No semestre passado, partindo do trabalho de Lígia Leite (2014), foram criados alguns mapas tentativamente representativos do teor das discussões em sala. Este foi criado pela Aline, e representa mais fielmente o esquema do livro da Lígia:

Mapa_Leite_Aline_Lombello_2014

Este foi compilado por mim, com o intuito de ressaltar alguns detalhes (mas, como disse, sem a pretensão de criar uma tipologia!):

Detalhando_Leite

(Clique na imagem para abri-la em outra aba)

O esquema abaixo organiza alguns dos aplicativos discutidos em sala segundo suas funcionalidades (de design):

Funcionalidades_design

(Clique na imagem para abri-la em outra aba)

Ao longo do semestre corrente, estão sendo criados outros recursos, incluindo slides em PowerPoint montados por duplas de alunos que apresentam, no início de cada encontro, seus entendimentos do texto a ser discutido no dia. Com essa prática, abrem-se, também, oportunidades para trabalharmos questões relativas à criação de slides para apresentações (há sempre uma curta meta-discussão após as apresentações), bem como os protocolos de uma discussão acadêmica, na qual um dos múltiplos papéis do docente em sala é “costurar” as diferentes vozes de forma a reconhecê-las mas mantendo a discussão em foco).

Clique aqui para acessar os slides da Aula 2.

Clique aqui para acessar os detalhes da disciplina – 2015.2.

Clique nos links a seguir para acessar os mapas de Aline Lombello, feitos em 2014.2 com base em alguns dos textos discutidos: Capítulo 1 de Coll (2011) – Capítulo 3 de Coll (2011)Capítulo 1 de Becker (2010)

2 pensamentos sobre “Refletindo sobre as TIC na Educação e a Tecnologia Educacional

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